OS POTENCIAIS DE SAÚDE COMO UMA PROPOSTA TEÓRICA PARA A ENFERMAGEM
Marcelo da Silva Alves
O atendimento à saúde desde o nascimento da clínica (meados do século XVIII), até os dias atuais vem sendo exercido pelo modelo da biomedicina que como sabemos, fragmentou o ser humano em corpo, mente e alma. Além disso, ainda retirou de cena o sofrimento humano como uma categoria a ser considerada no processo saúde doença. Estas práticas mostram-se então, alienadas e alienantes, uma vez que deixam de fora importantes determinantes de existência, de vida e de humanidades; desconsiderando de uma maneira sobrepujante a categoria do humano, ou seja; a capacidade dos indivíduos, famílias, grupos e comunidades de decidirem e escolherem não apenas a forma como vão viver, mas sobretudo, como vão lidar com as condições adversas de saúde, de vida, de existência, de estar no mundo e também de doenças. Parece que existe um formato –tipo receita de bolo- que deve ser aplicado a todas as condições de forma hegemônica, que retiraram das condições adversas as suas singularidades, as suas subjetividades, seus valores e conceitos e os direitos dos indivíduos, famílias, grupos e comunidades de serem protagonistas de suas vidas e de suas existências nos momentos de fragilidades, de dificuldades e das condições que envolvem as doenças e a ausência de saúde; entendendo-se aqui a diferença entre estes dois conceitos, uma vez que em acordo com nossa política de saúde, o conceito de saúde deve ser ampliado para além da ausência de doença, mas antes, considerado uma condição que envolve os determinantes sociais, pessoais, culturais e existenciais como uma forma de se ser e estar com o mundo, em uma existência autêntica, voltada para a realidade, onde cada um possa olhar para dentro de si mesmo e descobrir as suas potencialidades de serem autores de suas próprias estórias de vida e em seus próprios contextos. [...]